sexta-feira, 7 de março de 2014

Eu Ateu ou auto-ajuda

   Gostaria de pedir para você assistir o vídeo abaixo primeiro para então ler a resposta que darei logo abaixo.


   O Yuri quase me lembrou pregadores que gostam de aparecer na TV, com pouco menos de oratória típica dos sensacionalistas, mas apelando ao sentimentalismo das pessoas que estão assistindo do tipo... “você que passou por uma separação difícil ou dolorosa, pode ser que você tenha sido um dependente químico...” Em suma, ao não contráriar a sua fé de início e ao falar da sua dor ele apresentou empatia e cria um link com a pessoa que passou pela experiência mencionada.

   Após o trabalho introdutório de criar empatia com o público alvo, os cristãos, ele nos leva a uma questão: Como explicar para você que a “cura” divina que você recebeu para os seus problemas não são de Deus?

   Então ele faz uma afirmação categórica: “Deus não existe!”. Claro que sem mostrar um bom argumento, mas aqui no Blog já deixei dois bons argumentos sobre a existência de Deus e podem ser lidos nos links abaixo.

Argumento 1
Argumento 2

   Então ele faz duas afirmações sobre Jesus, primeiro que Ele não existiu e nesse caso se referindo ao Jesus descrito na Bíblia que se intitulou ser Deus, que fez milagres e que morreu em uma sexta e ressuscitou no domingo. Segundo que Jesus histórico provavelmente não existiu... o que é um absurdo afirmar. Gosto do Yuri, é meu amigo pessoal, mas já havíamos discutido sobre isso em um passado por e-mail e não o considero mais ignorante no assunto.

   Dando um exemplo, Flávio Josefo (c. 37-100 d.C.) que, por fim, tornou-se o maior historiador judeu de sua época. Josefo começou a escrever documentos históricos em Roma, enquanto trabalhava como historiador do imperador romano Domiciano. Foi ali que escreveu sua autobiografia e duas obras históricas importantes. Uma dessas obras é sua atualmente famosa Antiguidades dos judeus [publicada em português pela CPAD], concluída por volta do ano 93. No livro 18, capítulo 3, seção 3 dessa obra, Josefo, que não era cristão, escreveu estas palavras:

“Nessa época [a época de Pilatos], havia um homem sábio chamado Jesus. Sua conduta era boa e [ele] era conhecido por ser virtuoso. Muitos judeus e de outras nações tornaram-se seus discípulos. Pilatos condenou-o à crucificação e à morte. Mas aqueles que se tornaram seus discípulos não abandonaram seu discipulado, antes relataram que Jesus havia reaparecido três dias depois de sua crucificação e que estava vivo; por causa disso, ele talvez fosse o Messias, sobre quem os profetas contaram maravilhas.”
 
  Algumas pessoas alegam que essa citação foi toda inserida no livro, o que é uma decisão de fé, pois não há manuscritos que comprovem isso. Se tivesse já até seria retirado do livro, porém a uma dúvida maior quanto a palavra “Messias”, esse sim inserida pelos cristãos.

   Em outra passagem das Antiguidades dos judeus, Josefo revelou de que maneira o novo sumo sacerdote dos judeus (Ananus, o jovem) valeu-se de um hiato no governo romano para matar Tiago, o irmão de Jesus. Isso aconteceu no ano 62, quando o imperador romano Festo morreu repentinamente durante seu ofício. Três meses se passaram até que seu sucessor, Albino, pudesse chegar à Judéia, abrindo um grande espaço de tempo para que Ananus realizasse seu trabalho sujo. Josefo descreve o incidente da seguinte maneira:

“Festo está morto, e Albino está a caminho. Assim, ele [Ananus, o sumo sacerdote] reuniu o Sinédrio dos juízes e trouxe diante deles o irmão de Jesus, que era chamado Cristo, cujo nome era Tiago, e alguns outros [ou alguns de seus companheiros] e, quando havia formulado uma acusação contra eles como transgressores da lei, ele os entregou para que fossem apedrejados.”

   Existem nove outros escritores não-cristãos conhecidos que mencionam Jesus num período de até 150 anos depois de sua morte, que são: Tácito, historiador romano; Plínio, o Jovem, político romano; Flegon, escravo liberto que escrevia histórias; Talo, historiador do século I; Suetônio, historiador romano; Luciano, satirista grego; Celso, filósofo romano; Mara bar Serapion, cidadão reservado que escrevia para seu filho; e o Talmude.

   Para quem nunca governou, nunca construiu um monumento, nunca escreveu um livro ou
compôs uma única música, Jesus possui fontes demais. A historicidade não esta em jogo.

   Voltando ao vídeo, agradeço por não ter dito categoricamente que Jesus histórico não existiu. Porém outra informação agora bem equivocada, pois ele esta fazendo uma afirmação categórica ao dizer que o cristianismo foi criado por um político e por questões políticas.

   Como ele não cita no vídeo como isso aconteceu, estarei aqui supondo que ele esteja falando de Constantino ter formulado em sua época a Igreja Católica Apostólica Romana, o que é verdade, porém isso nada tem haver com a criação do cristianismo.

   Depois da ascensão de Cristo ao Céu, os discípulos começaram a pregar com fervor e no fim do primeiro século já era possível contabilizar um milhão de cristãos no mundo.  A pregação continuou forte e embora Roma tenha lutado com todas as suas forças contra a crescente religião monoteísta que crescia dia a dia, o Império Romano se viu derrotado e antes de se partir, aderiu ao cristianismo assumindo ele como religião oficial e assim foi criada a Igreja Católica, mas em nada algum político colaborou para a formação do cristianismo, na verdade apenas se rendeu ao que não conseguia para de crescer.

   Constantino se tornou um cristão? Pense comigo, ele se tornou tão humilde que fez uma cidade chamada “Cristonópolis”? Não, fundou Constantinopla e só foi batizado no fim da vida por um homem que não acreditava na trindade.

   Mas vamos continuar com o vídeo. O Yuri afirma que não a força olhando por nós, que milagres não existem, mas o que existem são eventos improváveis, mas não impossíveis e que eles podem sim ocorrer.

   Nada de surpresa aqui, afinal o Yuri é um evolucionista, ou seja, alguém que acredita que coisas tão improváveis, tão absurdas de acontecer, de fato aconteceram. Estamos falando de um homem de extrema fé, daquele tipo que crê que a vida surgiu da não vida, algo nunca observado e que até onde sabemos é impossível. A fé de que o tempo, com a coincidência e o acaso possam trazer a melhor resposta.

   Ai o Yuri faz uma confusão entre o que um cristão sente em relação ao milagre e o que a nossa força de vontade faz por nós. Vou dar um exemplo pessoal aqui.

   Tentei parar de fumar quatro vezes e não consegui, orei para Deus e não me esforcei, simplesmente acordei sem vontade. Nas quatro primeiras vezes meu corpo clamava pelo cigarro, aquela vozinha na cabeça dizendo “só um”. E quem tentou parar de fumar sabe bem o que eu estou falando. Mas quando orei, nunca precisei lutar com essa voz, o combate estava vencido e sei que não foi por mim.

   Talvez alguns tenham medo de aceitar Cristo com uma muleta, eu pelo contrário não tenho problema, afirmo que necessito de uma muleta e que não pode ser qualquer coisa, mas algo forte e que me sustente, e achei o que necessitava em Cristo.

   Teria eu algum benefício que eu poderia atingir sem a minha religião? Claro que sim, muitos deles. Mas o problema é que a religião não esta aqui para me fazer atingir coisas impossíveis, ela esta aqui para aliviar o fardo, esta aqui para me manter no foco, esta aqui para me dar esperança daquilo que é inevitável, a morte. Religião não é sobre vencer um câncer, milagres nem se quer podem ser tidos como sinais de um religião verdadeira e a Bíblia deixa isso claro. Religião é para religar você a Deus. Restaurar a imagem de Deus em você. Deus em nenhum momento despreza a força humana, penas sabe que ela é limitada e nós nos cansamos, por isso Ele quer andar sempre ao nosso lado.

   Por fim, a filosofia apresentada no vídeo é semelhante à de qualquer livro de auto-ajuda, nada novo, nada que abale a fé de quem realmente tem fé.

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