quarta-feira, 5 de março de 2014

Betrand Russel e a Bíblia têm razão

   Dentro do cristianismo temos duas visões básicas sobre a vida pós-morte, (1) a imortalidade incondicional, ou seja, depois morrer a vida continua de uma forma diferente e até mesmo em outros lugares (céu, purgatório e inferno), e existe um outro grupo que diz que morreu acabou, só quando Cristo voltar os justos irão para o céu. Claro que estou colocando aqui as visões de maneira abreviada e simples.

   O falecido filósofo Betrand Russell concordaria com o segundo grupo, ele afirma no seu livro No que acredito ainda no primeiro capítulo que tampouco “podemos supor que o pensamento individual possa sobreviver à morte corporal, uma vez que ela destrói a organização do cérebro e dissipa a energia por ele utilizada.”

   No mesmo livro uma página depois ele continua sua explicação: “sabemos que o cérebro não é imortal e que a energia organizada de um corpo vivo é por assim dizer, desmobilizada à hora da morte, estando consequentemente indisponível para uma ação coletiva. (...) é razoável supor que a vida mental cesse no momento em que cessa a vida material.”

   É impressionante como um ateu fala sobre mortalidade com melhor propriedade que muito cristão. E concordo com ele, morreu, acabou. Mas o que me chamou atenção foi quando ele afirmou: “Deus e a imortalidade, dogmas centrais da religião cristã, não encontram respaldo na ciência.”

   Esse aqui é um equívoco comum de ver, o famoso “respaldo na ciência”. Nem tudo tem respaldo na ciência e não deixa de ser verdade. Exemplos não faltam: matemática, lógica e evento históricos. Para ser ciência precisa ser observável, mensurável e replicável. Eu não posso fazer isso com Dom Pedro I, mas ainda assim sabemos que ele foi o primeiro imperador do Brasil.

   Também não posso provar Deus através da ciência, pois o pressuposto da ciência moderna existir é a própria existência de Deus, se Deus não existisse não encontraríamos ou suporíamos ordem no Universo, por isso a ciência surgiu em berço cristão.

   Mas concordo com Russell no quesito mortalidade do homem. Se Deus tivesse nos dado um espírito capaz de pensar por si só, por que Deus teria feito o cérebro? Além disso, Russell encontra respaldo bíblico para a sua afirmação. Veja alguns exemplo abaixo:

Gênesis 2:7
“Então, formou o Senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego de vida, e o homem passou a ser alma vivente.”

   Matemática bem simples desse verso bíblico: pó + fôlego de vida = alma vivente.

Gênesis 2:17
“mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.”

   Perceba que Deus não esta falando que “passará dessa para melhor”  ou qualquer coisa do tipo, Ele esta dizendo que vai morrer e isso para Deus é bem simples: “porque tu és pó e ao pó tornarás.” Nada de uma vida após morte.

Eclesiastes 3:19-20 e 12:7
“(19)Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede com os animais; o mesmo lhes sucede; como morre um, assim morre o outro, todos têm fôlego de vida, e nenhuma vantagem têm os homens sobre os animais; porque tudo é vaidade. (20) Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão. (12:7) e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu.”

   A matemática também é bem simples aqui: alma vivente - fôlego vida (espírito) = pó da terra.

   Concluindo, Russell estava certo ao dizer que não existe imortalidade e que a ciência respalda essa afirmação, estava certo ao dizer que a imortalidade aparece dentro do cristianismo como um dogma central. Mas o meu alerta é que a Bíblia não vai contra a ciência, pelo contrário, o que a Bíblia diz sobre a mortalidade da alma é justamente o que a ciência corrobora. Se Russell tivesse se dedicado pouco mais ao estudo da Palavra perceberia esse equivoco.

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