O Argumento do Desígnio, que vou apresentar
de maneira simples nesse post, caiu em descrédito nos últimos dois séculos
graças a David Hume. Porém o argumento veio a mesa com força redobrada
mostrando que nem mesmo as brilhantes mentes podem esconder o Designer na
natureza.
Existem duas modalidades deste argumento, a
primeira baseia-se nas características ostensivas do mundo que mostram
propósito, função ou finalidade. Talvez ainda não esteja claro para você, mas
fique tranquilo, em um próximo post vou falar exclusivamente dele e vai ver que
é mais simples que pular corda.
A segunda modalidade do argumento, no qual
vou me dedicar aqui, manifesta-se como uma inferência advinda do desígnio
baseada na regularidade, equilíbrio e/ou ordem harmoniosa do Universo.
Esse argumento, também é conhecidocomo argumento teleológico
(que não tem nada haver com teológico), tem seu nome derivado do termo grego telos,
que significa "plano". O argumento teleológico possui duas
premissas (pontos 1 e 2) e uma conclusão, ele é apresentado da seguinte
maneira:
1. Todo projeto tem
um projetista.
2. O Universo possui
um conceito bastante complexo.
3. Portanto, o
Universo teve um Projetista.
Uma vez que as premissas foram apresentadas,
temos que as defender para que a conclusão seja confirmada como verdadeira,
assim funciona a lógica.
A primeira premissa não apresenta nenhum
tipo de problema. Assim como um relógio pressupõe um relojoeiro, um projeto
pressupõe um projetista. Não parece haver nenhum tipo de problema aqui, basta
aceitar o que é obvio e quem não aceita... pode tentar com aqueles brinquedos
nos quais os bebes se utilizam encaixando as peças certas nos buracos certos.
Já a segunda premissa é um desafio maior,
principalmente se você não conhece nada de física. Pois o fato é que o Universo é especialmente adaptado para permitir
a existência da vida na Terra — um planeta com uma quantidade enorme de
condições improváveis e interdependentes para dar suporte à vida que o
transformam num pequenino oásis no meio de um Universo vasto e hostil.
Um outro ponto muito importante é que além
de uma grande quantidade de condições para a existência da vida humana, esses
condições são interdependentes, ou seja, uma depende da outra para funcionar e
esse conjunto de condições é conhecido por princípio
antrópico (do grego humano). Através desse princípio que muitos cientistas
chegaram a conclusão de que o Universo é matematicamente planejado para a
existência da vida na Terra.
Se você assistiu o filme Gravity você observou que a personagem
interpretada pela atriz Sandra Bullock lutava para manter um mínimo de
oxigênio. Aqui na Terra nós temos um percentual muito confortável de oxigênio
em nossa atmosfera, 21%. Se fosse maior que 25% incêndios espontâneos poderiam
ocorrer em nossa preciosa atmosfera, mas se o nível fosse menor do que 15%
morreríamos sufocados. Esse é o primeiro exemplo da constante antrópica.
O segundo exemplo nós o olhamos todos os
dias, principalmente os bonitos, quando olhamos para o maravilhoso céu azul. A
atmosfera, além de ter um nível de oxigênio e outros gases nivelados
(hidrogênio, dióxido de carbono e ozônio), possui um grau de transparência
exato, pois se fosse mais transparente os raios solares bombardeariam a Terra
não permitindo ter vida, por outro lado, se fosse menos transparente não
teríamos luz solar suficiente para ter vida.
Existem ainda muitos outras constantes que
poderiam ser mencionadas aqui, como por exemplo a exata força da gravidade que
permite a existência de estrelas menores (que suporta a vida) e estrelas
maiores (que trabalham como fornalhas no Universo), a inteiração gravitacional
entre a Lua e a Terra, a força centrifuga do movimento planetário, taxa de
expansão do Universo, níveis de vapor da água na atmosfera, a rota atual de
Júpiter, espessura da crosta terrestre, velocidade da rotação da Terra, a
inclinação de 23° do eixo terrestre e muitas outras.
O astrofísico Hugh Ross calculou no total
122 constantes necessárias para a vida na Terra e calculou qual seria a chance
de um planeta como a Terra existir no Universo onde tudo é dirigido pelo acaso. Partindo
da idéia de que existem 1022 planetas no Universo (um número
bastante grande, ou seja, o número 1 seguido de 22 zeros), sua resposta é
chocante: uma chance em 10138 — isto é, uma chance em 1 seguido de
138 zeros! Existem apenas 1070 átomos em todo o Universo. Com
efeito, existe uma chance zero de que qualquer planeta no Universo possa
ter condições favoráveis à vida que temos, a não ser que exista um
Projetista inteligente por trás de tudo. (Ver o livro Why I Believe
in Divine Creation, páginas 138-141).
Vou terminar esse post com
uma citação de um ateu que teve sua fé no naturalismo abalada por esse
argumento. O astrônomo Fred
Hoyle disse (verificar em: "The Universe: Past and Present
Reflections", Engineering and Science (November 1981): 12
"Uma interpretação de bom senso dos fatos sugere que um superintelecto intrometeu-se na física, na química e na biologia e que não há forças ocultas e dignas de menção na natureza".
Embora não mencione o que ele entende por
super inteligência, fica obvio que ele sabe da necessidade de um projetista
para a existência de vida na Terra.
Isso prova que Deus existe? Obviamente que
Deus passa a ser a melhor sugestão, ainda mais quando somamos com o Argumento
Cosmológico apresentado anteriormente. Além disso mostra que nós vivemos em um
universo onde a existência de um Deus é possível e ao mesmo tempo vemos que um
universo guiado ao acaso não é capaz de fazer o que foi feito nesse Universo.
Leia também: O Fim do Ateísmo (1)
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