quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Conversando com Shirley Rodrigues

   Uma das coisas mais gostosas na internet é a conversa e o desafio que podemos encontrar, mas o dialogo, o debate junto com o respeito é uma maravilha.

   Em meu ultimo post, um comentário/resposta a um artigo postado pela Shirley eu obtive uma resposta da própria autora que me honrou com uma resposta aqui no blog, mas longo demais para uma resposta simples, por isso vou começar aqui e vamos até onde for possível esse diálogo.

   Observações:
Caso você não tenha lido o post original você pode/deve ler, clique aqui.
O Post original era voltado para o público cristão com a intenção de apresentar respostas ao que foi apresentado no texto, já que muito dele se vê por ai Porém esse post vai ser mais focado no público ateu.

Vamos começar.

 “Achei interessante seu comentário, embora discorde de quase tudo que você escreveu.”

   Primeiramente obrigado por ter lido, o direito de discordar é justo, mas vamos ver até onde vamos no decorrer do texto.

“Começo pela questão da percepção de ‘anormal’. Sendo uma vivência pessoal, sei bem do que falo e quando é o caso, posso distinguir entre ser vista como incomum ou anormal, considerando que lido com a percepção das pessoas sobre minha forma de pensar desde que tinha uns dez anos.”

   Concordo com a sensação, não creio que seja esse aqui um ponto de discussão, mas em uma olhada rápida no dicionário vai observar que incomum é “aquilo que não é comum ou normal”. Se houve um erro foi apenas semântico.

“Entendo que para você seja muito difícil, senão impossível, assimilar a existência de alguém que não creia em nada, mesmo levando em conta questões de semântica.”

   Continuo a discordar de você, talvez não tenha deixado explicito, por exemplo, não acredito que o naturalismo possa explicar tudo, por outro lado você acredita, você crer nisso, você tem fé no naturalismo. Quando digo fé uso o termo da maneira descrita na própria Bíblia, “certeza daquilo que não vemos”. Assim como não posso provar que Deus criou a vida na Terra, ninguém pode provar como o acaso + tempo + lei da física, química e biologia formou a primeira vida. Existem hipóteses e mais nada.

“A maioria das pessoas pensa em termos de ‘crer’, eu penso em termos de possibilidades e probabilidades. A questão com o ateísmo, sob o ponto de vista dos crentes é compreensível. Dado que o crente acredita em um deus criando coisas e seres e dispondo sobre existências, é sob essa ótica que sua mente enxerga tudo.”

   Não, na verdade vejo muitas probabilidades também. Por exemplo, as chances do primeiro RNA ser formado pela natureza em uma sequencia são de 1 contra 10 elevado à 158, ou seja, um zero absoluto. Como assim? A matemática diz que qualquer coisas que a probabilidade que seja maior do que 1 contra 10 elevado à 50 é impossível. Mas como existe uma impossibilidade da certos “cientistas” aceitarem a impossibilidade do naturalismo, eles lutam contra a melhor das probabilidades, alguém inteligente guiando o surgimento da vida. Por fim, nesse quesito fica muito claro que u ateu precisa de uma fé muito maior que um “crente”.

“Como ateia, posso dizer que a partir do momento em que se provasse a existência de algum ser criador, não teria qualquer problema em aceitar o fato. Não costumo brigar com fatos. Ser ateu não é uma questão de má vontade, de frustrações, ou coisas similares. É uma questão de as coisas atenderem a uma especifidade de sentido. Ocorre que de acordo com meu entendimento, a existência do deus no qual você acredita é impossível de acordo com aquilo que a ele se atribui.”

   Não tenho muito o que falar desse paragrafo, a não ser lhe cumprimentar por ser uma adepta ao dialogo e saber que em um debate podemos mudar nossa posição, as vezes não totalmente, diria que pelo menos ajustar a novos argumentos

   Como você não especificou as dificuldades que você mesma têm para acreditar em Deus é difícil acrescentar algo, porém gostaria de chamar a sua atenção para um detalhe. Não trate um “crente” de maneira geral. O Deus que eu acredito é o Deus bíblico e esse Deus é muito diferente do Deus católico que pune pessoas no inferno e no purgatório. Também é diferente do Deus pentecostal que se preocupa demais com cumprimento de saia, cabelo e faz na igreja aquela confusão (gritaria) por causa do “dom de línguas”.

   Aceito o meu Deus por tudo que li, pesquisei e observei condizer com a realidade. Se eu achar alguma coisa que explique a realidade que vivemos melhor que o Deus bíblico estarei disposto a mudar minha posição.

“Antes de continuar, ressalto que quando digo ‘meu entendimento’, significa só isso mesmo, meu entendimento. Não estou pretendendo estabelecer nenhuma verdade absoluta e universal.”

   Existe algo em filosofia que chamamos ignorância e vamos ser bem claros que ninguém sabe tudo sobre tudo, por isso todos somos ignorantes em determinada área de conhecimento, quando somos ignorantes em um determinado tema o silêncio é sabedoria. O nosso entendimento sem uma boa base pode causar problemas. Por exemplo, muito cristão tenta argumentar que a teoria da evolução não consegue explicar a origem da vida. Isso é ignorância pura, já que a Teoria da Evolução começa quando a primeira vida já esta presente. Ao manifestar nossa opinião, mesmo que não seja uma verdade absoluta ela deve ter uma boa base para não se complicar.

“Quando escrevo sobre fé, deus, religião, não o faço com a intenção da militância, embora as pessoas entendam assim. É a forma que encontrei de expressar uma perplexidade que me acompanha desde sempre.”

   O que é bom, faz com que diálogos seja abertos.

“Até posso entender a necessidade, ou as necessidades que levam á crença, mas ao mesmo tempo não consigo alcançar como é possível a admissão de veracidade do objeto da crença. E fica ainda mais difícil para mim quando alguém fala em evidências da existência de algum deus em particular.
Ou quando alguém ligado à ciência pretende que está demonstrando tais evidências, por que na verdade não está. Sob qualquer acepção da palavra evidência não está, muito menos quando a pessoa afirma estar munida dos instrumentos e procedimentos da ciência.”

   Aqui eu vejo um preconceito típico ateu. Se fala de Deus, inteligência ou qualquer coisa que dê crédito a um determinada religião, então isso não é ciência. A questão é: quem são os naturalistas (evolucionistas ateus, darwinistas ou humanistas) para afirmar o que é ciência ou não e qual é o instrumento correto ou não.

   Ainda mais quando falamos da biologia histórica, ou seja, o estudo do que aconteceu lá no passado. Não existe uma única prova de uma espécie ter gerado outra espécie. Os tentilhões de Darwin podem ter bicos diferente, mas adivinha, continuam sendo tentilhões. Os pombos, por mais misturas que Darwin fez, continuaram a ser pombos. Na verdade não existe um único exemplo de mutação genética onde uma nova informação genética tenha surgido.

   Por que hipóteses sem provas de um lado podem ser aceitas e do outro não, mesmo que a matemática favoreça o lado “crente” da história?

“Eu não tenho preconceito sobre religiosos praticando ciência, desde que se faça a separação entre fé e ciência, porque a primeira parte de uma verdade que se quer absoluta e a segunda parte da dúvida. São coisas inconciliáveis.Então se um padre vai fazer ciência, faça ciência. Reserve a religiosidade e a fé para o momento e lugar apropriado.”

   Vou repetir o seu paragrafo com algumas mudanças que estarão em negrito para entender o que eu falei antes.

Eu não tenho preconceito sobre ateus praticando ciência, desde que se faça a separação entre fé no naturalismo e ciência, porque a primeira parte de uma verdade que quer ser absoluta e a segunda parte da dúvida. São coisas inconciliáveis.

   Seguindo esse raciocínio gostaria de levantar a bandeira de que teoria da evolução não é ciência é fé e portanto deveria ficar fora das aulas de ciências e ser ensinada em algum fórum de ateus.

“Então se um padre vai fazer ciência, faça ciência. Reserve a religiosidade e a fé para o momento e lugar apropriado.”

   Amém

“O problema com um cristão fundamentalista patrocinando pesquisas com o objetivo de provar a existência de Deus é que em momento nenhum será admitido qualquer resultado que leve á não existência; explicando melhor, se alguma coisa levasse à indicação de que Deus não existe e essa coisa fosse aceita, estaria perdida a razão da fé.”

   E será que o mesmo não vale para o naturalista fundamentalista? Será que se descobrissem que o mundo foi criado, publicariam a pesquisa? Aqui não há evidências, apenas “se” e você se colocando no lugar do fundamentalista cristão e dizendo o que você faria se fosse ele.

“Noto de há muito uma tendência à generalização por parte do crente quando fala de ateus. Entre vocês parece haver uma admissão tácita de que todo ateu tem Richard Dawkins como uma espécie de profeta, eu realmente fico impressionada com essa constância.”

   Diferente do cristianismo que tem um Bíblia, líderes religiosos, sites dizendo exatamente no que acreditamos, os ateus não possuem nada, mas o Richard Dawkins produziu e ainda produz muito material e entre os ateus e principalmente do movimento militante dos ateus, ele é o que mais se destaca, portanto é normal usa-lo. Mas vocês também fazem o mesmo citando muito Willian Lane Craig, quando boa parte dos argumentos que ele usa vem de outros pensadores como Debinsk, Norman Geisler ou mesmo Michael Behe.

“Três coisas sobre Dawkins. Até o presente momento li apenas um livro dele, The Ancestor’s tale, traduzido como A grande história da evolução.
Não me sinto à vontade com a forma como Dawkins se posiciona sobre a religião. A insistência e a hostilidade dele me fazem pensar em fanatismo e não gosto de fanatismo.
 “E por último, Dawkins é apenas um ser humano. Ainda não existiu, penso eu, um único ser humano á prova de erros.”

   Você esqueceu de citar péssimo filósofo. Mas foi esse aspecto de Dawkins que abriu o ateísmo para o mundo e também ele teve um papel muito importante ao esquentar o debate Deus x Religião, TDI x Evolução e outras mais. Mas reconheço que ele como homem não pode representar um povo e até sugeria uma campanha “Dawkins não me representa”.

   E quanto o homem sem falhas existiu apenas um.

A pergunta sobre a origem do Universo é perfeitamente cabível e em nenhum momento sequer insinuei que defendia o contrário disso.

“Sua versão diz que foi Deus e você fundamenta essa versão afirmando que tudo que vem a ser tem uma causa, bem assim e necessariamente o Universo.Ora, se tudo deve ter uma causa e uma origem, Deus igualmente, ou “tudo” não será tudo. E exatamente nesse ponto a crença sai dos limites do razoável, já que não admite esse raciocínio. Tudo precisa de uma causa para existir, tudo precisa ter tido uma origem, mas não Deus. Ele simplesmente é. Mas em que é sustentada essa afirmação? “ “Única e exclusivamente nas afirmações da pessoa crente. Não há ninguém capaz de embasar essa afirmação em fatos concretos. É apenas matéria de fé.É por isso que ciência e fé não devem ser misturadas.”

   Você distorceu o meu argumento para me pegar em uma armadilha de raciocínio. O argumento diz que tudo o que passa a existir tem que ter uma causa. Mas nunca um cristão disse que Deus teve uma origem? Pelo contrário, muito antes da Lei da Causalidade ser formulada, a mais ou menos 3600 anos atrás, o Deus bíblico já era qualificado como eterno.

   Agora se você quer que eu responda quem Deus origem a Deus, mesmo afirmando a 3600 anos que Deus é eterno, você deveria apresentar argumentos sólidos para afirmar que em algum tempo (quando o tempo ainda não existia) Deus passou a existir.

   Por fim, terminei meu argumento dizendo que não provava a Deus, mas que a causa que deu origem ao Universo tinha atributos iguais ao do Deus bíblico.

“Veja essa sua afirmação “(...)o peso ainda esta do lado sobrenatural.” Querendo dizer que há mais sentido pensar em Deus existindo e tendo criado tudo do que o contrário. Desculpe mas essa afirmação carece de lógica elementar. Admitindo que fôssemos criação de Deus, a natureza estaria, de saída nele, não em nós. Então porque ele deveria ser “sobrenatural”?“

   Como afirmei acima e apresentei bons argumentos e respondi aquilo que me foi apresentado, obviamente apresentando que algo não-naturalista (não afirmo Deus, pelo menos não nesse momento do argumento) é uma explicação melhor do que a versão naturalista.

   Agora uma dúvida minha, não entendi o que você quer dizer com: “Admitindo que fôssemos criação de Deus, a natureza estaria, de saída nele, não em nós. Então porque ele deveria ser “sobrenatural”?”

“Essa visão de Deus como ente sobrenatural bem pode ser uma dissociação inconsciente do cérebro sobre as coisas que são possíveis e as que não são.”

   Como também pode ser apenas Deus. Como (novamente ele) Dawkins afirma: “tem aparência de planejado, mas não foi”. E quando trato Deus como sobrenatural é porque coisas como surgimento de vida não acontecem de forma natural, então precisa de um agente sobrenatural.

“Em tempo, a reportagem estava numa revista IstoÉ. Não sei qual a edição, infelizmente.”

   Uma pena, mas vindo da revita IstoÉ, ou suas amigas Veja e Época, títulos são apenas chamariz. Depois vou ver se encontro o artigo.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

[COMENTÁRIO] Não sou um elefante, mas incomodo muita gente

   Este texto é uma resposta a um post de Shirley S. R., que encontrei em um site ateu. Recomendo que leia o artigo original na integra clicando aqui, somente depois leia o comentário que estarei escrevendo abaixo.

  Primeiramente gostaria de dizer que não conheço pessoalmente a autora, não tenho nada contra ela e também nada a favor, não é sobre ela que quero falar mas do texto que ela escreve e claro, os seus pensamentos que ficaram ali registrados.

   Ela começa sua dissertação com uma afirmação, “Eu sou ateia.” Isso é bom, pois ela não esconde sua crença (ou a falta dela) e já mostra que linha de pensamento o texto vai estar escrito. Quando o autor(a) apresenta sua posição no início isso já ajuda a refletir no texto sob a ótica da pessoa. Portanto a primeira vez que li o texto busquei fazê-lo sob uma perspectiva ateísta e depois li como cristão refutando mentalmente os “argumentos” ali apresentados.

“Por alguma razão que me foge à compreensão, as pessoas crentes acham muito Anormal que uma mulher – e mãe, ainda por cima – não comungue de algum tipo de crença.” 

    Eu não diria que exista aqui uma anormalidade, mas é de fato muito incomum no Brasil encontrar uma pessoa que não possua uma crença, e a autora aqui possui uma, como abaixo explicarei. Se encontrar um ateu declarado no Brasil já é difícil, uma mulher é ainda mais difícil, por exemplo, na Igreja Adventista a nível mundial a membresia é formada por 70% de mulheres. Essa realidade até onde eu conheça no Brasil, é proporcional em todas as denominações. Seria muito interessante se os ateus o Brasil fizessem uma pesquisa para averiguar em suas fileiras a proporção de homens e mulheres. Porém quero deixar registrado que encontrar uma mulher professa ateia é sim um tanto estranho, não impossível e a Shirley esta para provar isso, mas de fato algo raro.

“Pelo visto, é aceitável que eu creia em qualquer coisa, siga qualquer tipo de religião. Espiritismo, umbanda, seicho no ie, budismo, hinduísmo, esoterismo, qualquer ismo, só não vale o ateísmo.”

   Não diria aceitável, mas normal, pois é normal no Brasil crer em alguma coisa, o ateísmo é uma dessas coisas, porém “nova” em nossa cultura. Faz inclusive pouco tempo que veio a campanha “Mostre Sua Cara” entre os ateus no Youtube. Com o tempo creio que vai ser “normal” ouvir que uma pessoa não creia em nada, embora obviamente isso de fato não exista.

No devido tempo desistiram, não sem antes vaticinar que encontrarei Deus no momento oportuno, ou declarar que embora eu não acredite nele, ele acredita em mim.”

   Com um olhar ateu imagino que frases do tipo “encontrará Deus no tempo oportuno” ou “Ele acredita em você” devem soar mais ou menos como... blá, blá, blá... Mas isso não difere muito quando um cristão também ouve que “Deus morreu!” como disse Nietsche. Ou asneiras como “múltiplos-universos” como Dawkins gosta de falar para fugir da pergunta sobre os princípios antrópicos.
                                          
“Alguns outros se enfurecem comigo.”

   Isso aqui é algo imperdoável por parte dos cristãos. Um ateu não tem a obrigação de representar um Deus de amor e perdão, e por mais que um ateu provoque não cabe a nós ficarmos “possuídos” por um sentimento de raiva e o motivo é simples. Negar a Deus não é a mesma coisa que me negar. Se alguém tem um problema com Deus ou mesmo não acreditar em Deus, você como cristão deve saber que um dia odos seremos colocados diante de Deus, portanto deixe que Deus resolva os problemas dEle, isso não é papel do cristão, e não seria a primeira vez que eu pediria desculpa a alguém por erro de outro cristão.

Um tempo atrás alguém veio me mostrar uma reportagem cujo título era categórico: “Cientista prova a existência de Deus e ganha prêmio”. Lida a reportagem, descubro que o cientista é também padre e teólogo; e que o prêmio foi dado pela Fundação Templeton. A pessoa que me trouxe a reportagem veio com a convicção de que definitivamente me calava a boca.

   Aqui existem várias coisas a ser dita. Primeiro, é impossível provar a existência de Deus, principalmente se a metodologia for empírica, pois quando falamos do Deus bíblico estamos falando de Alguém que criou o Universo e todas as suas leis. A questão é: Como provar algo que esta fora do Universo, quando tudo o que conhecemos é o Universo?

   Não existe metodologia para isso e muito menos provas. O que temos e em grande escala são evidências. Mas o título “Cientista prova a existência de Deus” é chamativo apenas para atrair audiência e títulos com essa natureza você observa aos montes e nos mais diversos campos.

   Aqui agora existe um grande deslize da autora, preconceito, o cientista por ser teólogo e padre parece ser incapaz aos olhos da Shirley de produzir ciência. Esse mesmo argumento poderia ser usado para qualquer um. Por exemplo: “Cientista prova, Deus não existe”. Então vejo que o autor é Richard Dawkins e faço a observação. “Ele é evolucionista e biólogo, logo só poderia vir asneira.” Então vou olhar a fundação e vejo que ela é mais uma das tantas outras comprometidas com o naturalismo filosófico.

   Em ciência não importa quem pesquisou ou quem publicou o que importa é o conhecimento adquirido, o resto é o resto. Descriminar um artigo pela pessoa que o escreveu pelo pesquisador ou por quem a premiou é uma grande falácia e nenhum artigo sobreviveria a isso.

Minha reação foi dar risada, pois tudo – a reportagem, a “metodologia” usada pelo padre cientista, a fundação que pagou o prêmio, a presunção ingênua da tal pessoa – me pareceu de uma imaturidade sem par e, ao mesmo tempo, oportunista.

   Como não sei do artigo em si, não tenho muito que falar da metodologia que foi usada, mas se os critérios forem os mesmo usados para depreciar o artigo em si, seria por enquanto mais justo pensar que a autora esta errada do que certa sobre os questionamentos por ela levantado, se um dia puder me apresentar o artigo gostaria muito de ler e poder responder a altura.

   Mas aqui também percebemos o preconceito contrário ao que os ateus tanto acusam os crentes. Por ser um cristão o crente não pode ser cientista, por outro lado eu posso ser um adepto do naturalismo, evolucionismo, darwinismo, humanismo e outros ismos mais, mas alguns outros como o cristianismo parece ser proibido.

   Eu devo, e de fato aceito, que pesquisas feitas por naturalistas e suas interpretações seja publicadas e analisadas, mas quando o outro lado pesquisa e publica, o ateu tem todo o direito de dizer que isso não é ciência, como se alguém pudesse dizer o que é ou não é ciência e determinar o que a pode ou não dizer.

“cujo dirigente é um cristão evangélico fundamentalista”

   Agora outra gafe. Mostrando um fundamentalismo ateu até esse momento, com preconceitos típicos do ateísmo, e o cristão que é o fundamentalista!?

   Segundo o dicionário fundamentalismo é: o nome dado a movimentos, cujos adeptos mantém estrita aderência aos princípios fundamentais, ou vigentes na fundação do determinado grupo

   Não que eu discorde do fundamentalismo cristão, pois eu sou fundamentalista, mas dizer que fundamentalismo é um aspecto negativo é no mínimo estranho, já que todos somos fundamentalistas em nossas posições. O problema é se eu sou uma pessoa com a cabeça aberta para ouvir o outro lado do debate ou não, se me coloco na posição de ir para onde o argumento me levar ou não.

   Sendo franco, existem muitos cristãos “cabeça fechada”, mas eu não diria que o número de ateus, na devida proporção, seja diferente.

“no meu entendimento, não é para ser considerado sob nenhum aspecto científico”.

   Novamente ressaltando que não li o artigo pela autora citado, mas o problema é que "no meu entendimento” eu faço o que quero com qualquer área do conhecimento. Cada ramo da ciência tem sua metodologia (por ciência digo campos de conhecimento que vai de física a filosofia, biologia a teologia, química a engenharia) e uma vez que é respeitado não depende de mim ou de qualquer outra pessoa ser ou não ciência a pesquisa feita por alguém.

Se não é de causar espécie que um padre faça ciência – afinal não é exagero dizer que a genética começou com Gregor Mendel, monge, e foi outro padre, Georges Lemaître, quem primeiro propôs a teoria do Big Bang – nem por isso é aceitável que um padre, cosmólogo, se aproveite das lacunas das teorias científicas para enfiar Deus no meio, mesmo que movido pela tentativa sincera.
Pois não foi outra coisa que o padre cientista fez. Valendo-se da teoria do Big Bang e da Física Quântica, Michael Keller, conceituado cientista da Cosmologia, simplesmente disse que, na ausência de conhecimento sobre o que haveria anteriormente ao evento do início do Universo, a única conclusão possível é que o que havia era Deus e o raciocínio é aquele já muito batido: só podemos concluir que algo existe aceitando que esse algo teve um criador.

   Não sei por que alguém concluiria como prova que a causa do universo seria Deus, mas eu diria que o que podemos saber sobre o que causou o Universo é algo que possui as mesmas características do Deus bíblico sim, vou explicar aqui rapidamente depois faço um post com o argumento completo e mis elaborado.

   O argumento cosmológico parte de duas premissas:

1. Tudo o que passa a existir tem uma causa
2. O universo teve início

Portanto: O universo tem uma causa.

A primeira premissa pode ser defendida simplesmente com a Lei da Causalidade, que é a base de toda a ciência. Você observa o relâmpago e estuda o que causa ele. Você observa a maçã caindo da árvore e estuda o que faz a maçã cair. Eliminar essa lei é acabar com a ciência.

A segunda premissa pode ser defendida por vários argumentos: Teoria da Relatividade de Einstein, Teoria do Big Bang, Geologia (decaimento dos materiais) e outros pontos mais.

   Uma vez que eu sei que o universo teve início sei que ele foi causado, mas pelo que? Será que essa pergunta não é científica? Por que não?

   Segundo Einstein matéria, espaço e tempo passaram a existir ao mesmo tempo, portanto a causa é imaterial, atemporal e não espacial. Sabemos também que tudo se transforma dentro do tempo. Como a causa é atemporal, ela é imutável. Além disso seja lá o que for que causou o universo, ela criou simplesmente tudo o que conhecemos a partir do nada. Portanto ela é infinitamente mais poderosa do que podemos imaginar. E essa causa tem o poder de decidir, pois decidiu transforar o nada em matéria, espaço e tempo.

   Poderia até falar sobre o aspecto artístico mostrando a beleza do universo e a inteligência por causa do perfeito funcionamento, mas teria que me alongar demais.

   As características citadas até então sobre a causa não provam que o causador do universo é Deus ou mais especificamente o Deus bíblico, mas que as características de ambos são muito semelhantes isso ninguém pode negar.


Eu não entendo nada de Física Quântica.

   Bem vinda ao mundo, somos vários.

O máximo que consegui absorver foi que os pesquisadores têm se debatido com a intrigante questão de que a matéria em nível subatômico pode se comportar como ondas e como partículas, e daí tem-se que a natureza é intrinsecamente indeterminista, ou por outra, não segue padrões esquematizados, estáticos, em nível subatômico. Aliás, foi discutindo essa questão que Einstein disse que “Deus não joga dados”, pois discordava dessa postulação.

   Muitos usam esse contra-argumento para acabar com o argumento cosmolégico. Embora a lei da causalidade fale também de determinismo, as duas coisas não são iguais. O fato de eu não determinar como substâncias subatômicas se movimentem (embora já se tenha ideia que ao tentarmos observar alteramos o movimento dos mesmos) isso não significa que um dia não poderemos determinar e principalmente, não significa que o movimentos um dia não possam ser determinados. Confundir determinismo com causalidade é o erro aqui apresentado.

Pois é. Não entendo nada desse assunto, mas sei com certeza de uma coisa: se há partículas se comportando como ondas e vice-versa, é porque isso é necessário à existência de tudo, sejamos nós, um pé de couve, o Universo.

   Vejam que essa conclusão pode ser feita por um crente da mesma forma. Por que? Mostra que alguém inteligente criou algo para que nós, um pé de couve e o Universo possamos existir.

Entender causas e interdependências é o que tem feito a humanidade progredir, das mais diversas formas, só que esse tem sido um processo longo, de resultados incertos e com vários espaços em branco. Então vemos cientistas religiosos usando os espaços em branco para colocar Deus como a explicação.

   Mentira, esses cientistas querem conciliar naturalismo com religiosidade, como criacionista sei que tudo, inclusive a seleção natural, fazem parte da obra de Deus. Lembrem-se que dentro do cristianismo existem duas alas, os conservadores e os liberais, e esses últimos sempre querendo arrumar alguma coisa para abrir dialogo com o secularismo de maneira geral.

Que percebo que o fato de ser ateia faz as pessoas automaticamente desqualificarem meu argumento, não pelos erros que possa conter, mas pela ausência da crença em alguma divindade. A ausência da crença é o erro. Ou, mais apropriadamente, demonstrar a ausência da crença.

   Já comentei isso acima, mas os ateus fazem o mesmo. A melhor solução seria ambos abrirem a mente dialogar e ver os melhores argumentos, mas se qualquer um dos lados tivessem uma prova definitiva saberíamos que esse tema não estaria mais em discussão. Como estamos falando do passado esse prova nunca virá. Mesmo que a vida seja criada em laboratório isso não significa que no passado ocorreu dessa maneira e nem o contrário. Mas por enquanto a vida não pode ser recriada por homem brilhantes em laboratórios muito mais sofisticados que qualquer cenário de Terra primitiva e mais uma vez o peso ainda esta do lado sobrenatural.

Vou continuar incomodando. Mais do que os elefantes.

Terminarei aqui pela falta de tempo e espaço, mas ao mesmo tempo que a autora afirma continuar incomodando ela por diversas vezes no texto se mostrou incomodada. Opiniões diferentes incomodam, isso não é exclusividade dos ateus, tem algumas duplas que caminham por ai que incomodam muito mais. Mas respeito todos merecem.

Prefere chocolate ou creme?

   Uma das maneiras baixas usadas para rebaixar a religião a algo não muito importante na vida é o relativismo religioso que o mundo se encontra. “Você é adventista! Legal eu sou da Deus e Amor!” Como se ambas falassem a mesma coisa.

   Tratei em um post anterior o problema de afirmar que minha cosmovisão é superior a sua, embora claro todos nós acreditamos que nossa própria visão seja superior a dos demais, mas agora esse problema também existe entre as religiões as religiões.

   Eu sou adventista e tenho certeza absoluta que a Igreja Adventista do Sétimo Dia é a instituição na Terra que esta mais próxima de toda a verdade. Sabem por quê? Porque se assim não fosse eu simplesmente estaria em outra denominação ou seguindo alguma filosofia secular.

   Não sei qual é a sua religião, mas se você não acreditasse que ela não fosse a mais próxima da verdade, você continuaria nela? Sinceramente espero que não. Isso também vale para os humanistas, pois que adiante ser um humanista sabendo que as melhores respostas são dos religiosos.

   Mas uma onda do “deixa disso”, ou “precisamos todos respeitar as decisões individuais” acaba transformando o proselitista em um monstro digno de um filme do Godzilla. E afinal, se eu tenho a certeza de estar certo em relação ao mundo e vejo uma pessoa com uma visão distorcida seria certo eu manter aquela pessoa no erro?

   Isso não vale apenas para religiosos, muitos ateus pensam desta maneira, basta ver a quantidade de blogs e vlogs espalhados pela internet e ver que a “pregação” ateísta esta ai. Inclusive nas escolas que infelizmente ensinam o naturalismo como verdade nas aulas de ciência, quando na verdade deveriam ser discutida em outra disciplina ou quem sabe em algum outro lugar.

   O fato é, que se eu creio possuir a verdade, seja qual for, eu sinto um desejo de falar as pessoas sobre ela, para que mais e mais pessoas enxergassem o mundo pela mesma ótica que eu enxergo.

   Mas ai entra em ação os tolos com voz de sábios, os relativistas. De uma maneira “humilde” eles dizem que nós temos que respeitar o pensamento alheio, pois tanto a minha visão, como a dele não possuem toda a verdade, mas apenas fragmentos dela.

   Usam até uma parábola para explicar isso, uma que envolvem cegos e um elefante. Cada cego vem de uma direção diferente ao encontro do elefante e tocam todas as partes diferentes do animal. Um cego pega a tromba, outro o rabo. Ainda um segura a perna, enquanto outro para diante do dorso e assim segue. E então concluem, “cada religião é como um cego, tocamos partes diferentes do elefante e o descrevemos de maneira diferente, mas todos nós falamos do mesmo animal.”

   Desculpem a linguagem, mas isso é muita arrogância e por vários motivos. O narrador da parábola sabe que ambos estão tocando em partes diferentes da verdade, mas ele conhece toda a verdade, pois sabe que se trata de um elefante. Por fim diz que eu devo respeitar a parte da verdade do outro enquanto ele deve respeitar a minha, obviamente esquecendo que meia verdade é uma mentira inteira.

   Se você conhece a verdade, por que não me conta? Me fala sobre o “elefante”?

   Quando relativamos a religião, nossa cosmovisão ou mesmo nossa filosofia de vida, estamos rebaixando algo de grande importância para a vida a uma questão de gosto. Discutir temas importantes seria como discutir se sorvete de chocolate é mais gostoso que sorvete de creme. Mesmo mostrado que a maioria prefere o sabor chocolate, ninguém precisa mudar o gosto por causa disso e pode muito bem continuar a comer o sorvete de creme.

   Por fim, depois de expor esse meu pensamento contra o relativismo e seu estrago em debates e discussão do saber, e quando nada mais lhe resta, eles vêm com força e me chama: “Seu fundamentalista!”

   Só tenho uma coisa a dizer: Sou mesmo!

   Mas tenho uma pergunta para você, senhor(a) relativista. O senhor também não é fundamentalista? Respondo pelo senhor(a): Claro que sim, afinal se você aceitasse todas as crenças com respeito aceitaria inclusive a minha de dizer que há crenças falsas, como o relativismo. Ou vai ser você um fundamentalista quando o assunto é relativismo.


   Portanto fica aqui registrado, todos nós temos crenças, todos imaginamos que a nossa própria crença é melhor que a do outro, e para o bem de todos queremos “pregar” isso a todos, como fazem os relativistas mundo a fora.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A Criação - A Terra é a testemunha

   Este vai ser um breve post para divulgar esse bonito vídeo produzido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ele é uma leitura de Gêneses capítulo 1 mostrando bonitas imagens. Poderia ser muito bem usado em um por-do-Sol às sextas a noite.


   Façam bom proveito!

Cosmovisão?! Eu vou é jogar quebra-cabeça!!!

   Bom dia amigos, irmãos e companheiros, vou retomar o assunto já iniciado no post anterior cujo tema principal é a verdade, por isso se você não leu eu recomendo que o leia clicando aqui.

   Mas hoje quero trabalhar outro aspecto da verdade. Desde criança gostamos da verdade e nos sentimos ofendidos com a mentira. Toda criança sabe a diferença entre o “de mentira” e a mentira propriamente dita. A criança aceita a primeira com naturalidade, mas fica brava quando se sente enganada, principalmente quando querem tirar vantagem dela.

   Viver em contos “de mentira” faz parte da nossa infância, brincamos que somos reis, heróis, policiais, bombeiros ou o que mais podemos imaginar, porém sabemos quando crescemos que a vida “de mentira” não auxilia em nada na vida “de verdade”.

   Quando crescemos vamos formando uma imagem do mundo, nem sempre temos todas as peças, mas temos uma ideia de como o mundo é. Essa maneira que enxergamos o mundo recebe o nome de cosmovisão (cosmo vem do grego e significa mundo ou universo, visão.... acredito que não é necessário uma explicação), ou seja, nossa visão do mundo, como ele funciona, o que é importante nele.

   Agora imagine você jogando um quebra cabeça de 1000 peças. Já jogou um? Se já você sabe que a peça mais importante é a tampa da caixa, porque é através dela que você vai saber mais ou menos a localização da peça que você tem em mãos.

   Sua cosmovisão funciona exatamente como essa tampa de caixa do quebra cabeças. Quando você recebe uma informação nova você a observa através da sua tampa da caixa e sabe onde colocar essa peça para encaixar com as demais. Quanto mais peças encaixadas melhor é a sua cosmovisão.

   Porém para formar uma boa cosmovisão você terá que responder a algumas perguntas e de todas elas a primeira é a mais importante de todas, porque ela trata do assunto que assombra a todos: “De onde viemos?”

   Nenhuma visão de mundo séria pode ser formada sem responder a esta primeira pergunta, pois a maneira que você vai posicionar essa peça no seu quebra cabeça vai determinar onde todas as outras peças vão começar a se encaixar.

   Se eu responder que acredito na criação divina, e minha origem esta ali estabelecida, então as minhas respostas às perguntas seguintes vão ser muito diferentes se eu acreditasse que a casualidade deu origem ao ser humano, graças claro, a estarmos em um universo justamente afinado para a existência da nossa espécie.

   Agora observe as seguintes perguntas:
a.    Quem somos?
b.    Por que estamos aqui?
c.    Como devemos viver?
d.    Para onde vamos?

   Essas cinco perguntas, juntas formam o que eu chamaria a coluna dorsal da nossa cosmovisão, ou se preferir, a imagem da tampa da caixa do quebra-cabeça da vida.

   O grande problema disso tudo, quando estamos abordando o tema verdade, é que se minha cosmovisão esta correta, isso que dizer que a de outra pessoa esta errada.

   Vou me usar como exemplo. Sou cristão e minha visão de mundo, ou a tampa da minha caixa, parte da criação divina, onde somos criados a imagem de Deus. Estamos aqui com o privilégio de servi-Lo. Devo viver em plena harmonia com meus semelhantes, mas principalmente com Deus. E sei que esse mundo está cheio de problemas, mas Deus ira resolver com a destruição e recriação do nosso planeta e todas as coisas que aqui estão. Claro que isso foi bem resumido.

   Sei que ao afirmar que minha visão é verdadeira isso vai causar três problemas que a princípio parecem bem difíceis de superar, mas vou expô-los rapidamente.

1º Problema: Ao afirmar que a visão cristã do mundo esta correta, estou falando automaticamente que bilhões de pessoas no mundo também estão errados. Isso acaba criando reações das mais imprevisíveis possíveis, mas agora gostaria de um momento de sinceridade de cada um. Seja você cristão, budista, ateu, atoa, hinduísta ou mesmo um relativista, mas se você achasse que sua cosmovisão fosse falsa, não verdadeira, por que você manteria esse tipo de visão na as vida?

   Ninguém gosta de viver uma mentira, todos queremos estar o mais próximos da verdade, por isso a nossa cosmovisão, seja qual for, vai ser a que eu acredito ser a melhor possível. Caso não fosse eu a trocaria imediatamente.

2º Problema: Algumas peças que recebemos não parecem se encaixar em nenhuma cosmovisão. Do lado cristão existem muitas pessoas não parecem saber responder o problema do mal coexistindo com um Deus amoroso, onisciente e onipotente. A peça parece simplesmente não encaixar na visão de certos cristãos. Apesar de a muito tempo já ter sido respondido.

3º Problema: Intelectuais dizem que nenhuma religião é boa o suficiente para ser uma boa “tampa”, por outro lado, filósofos e religiosos mostram que a ciência é incapaz de responder as perguntas mais importantes da vida. Enquanto um diz que só é possível acreditar naquilo que é passível de teste, do outro afirma que a coisas que não são passiveis de teste, tais como a lógica ou mesmo a matemática.


   O que significa tudo isso que eu disse até agora? Que nem todas as cosmovisões podem estar certas ao mesmo tempo, mas que é necessário grande humildade da parte de cada ser humano em tomar a decisão de mudar a sua “tampa da caixa” quando isso for necessário. Como crianças, precisamos ter a mente aberta a descobrir que caminho seguir, onde o argumento nos leva e então tomar nossa posição, mesmo que para isso seja negar aquilo que eu vinham crendo até agora.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

MMA na Academia

   No dia 17 de outubro de 2013 seria realizado o 1º Fórum Unicamp de Filosofia e Ciências das Origens. Quando eu disse que "seria" não estava errando no tempo verbal não, é que a Unicamp cancelou o fórum três dias antes do evento. Apesar das mil desculpas para o acontecido vou brevemente expor meu pensamento do porque um evento como esse foi cancelado.

   Apesar de achar Richard Dawkins um filósofo medíocre e covarde, para não falar coisa pior, concordo com ele quando ele afirma que ciência (num sentido mais estreito que envolveria apenas biologia, física e química) e religião buscam respostas para as mesmas coisas, o que aparentemente passa uma ideia de rivalidade, mas isso na cabeça de pessoas com a mente mais fechada, como fundamentalistas ateus como o próprio Dawkins.

   Como teólogo sei que a filosofia possui muitas funções e uma delas nada mais é do que explicar a realdade, ou seja, explicar o mundo a nossa volta. Isso não é apenas uma característica teológica teísta, os gregos e a maioria dos pagãos faziam o mesmo, como não conseguiam explicar os relâmpagos mitos como o de Zeus, Thor e Tupã foram levantados.

   Aqui é que pode haver o falado confronto ciência x religião no qual os naturalistas fogem, mas claro que por um bom motivo, mas antes de falar do medo ateu, vou falar da importância que tem para um cristão a relação realidade com a Bíblia que talvez não esteja muito claro na mente dos não cristãos e alguns ditos cristãos também.

   Falando de grosso modo a duas revelações básicas que o cristão deveria conhecer a respeito de Deus, a primeira é chamada de Revelação Natural e a segunda de Revelação Especial, a primeira diz a respeito do que observamos do mundo e a segundo, novamente a grosso modo, a mensagem que temos na Bíblia.

   Todas as religiões que estudei fazem afirmações a respeito do mundo, isso é bom ao meu ver, porque ajuda a achar entre as milhares de religiões a verdadeira. Um exemplo rápido, existem religiões que afirmam que o Universo é eterno, já o teísmo afirma que o Universo tem um começo. Por tudo o que observamos no Universo entendemos que o Universo teve um início, portanto qualquer crença que diga o contrário deveria ser descartada, pois ela não condiz com a realidade.

   Mas para a infelicidade do cristianismo, algumas pessoas bem ou mal intencionadas, fizeram da teologia a Rainha de todas as ciências. Ou seja, tudo deveria estar condicionado ao que a Igreja falava. Por isso temos histórias tristes como a de Galileu, que ao descobrir que a Terra girava em torno do Sol e não o contrário como afirmava a teologia da época.

   Por séculos todo naturalista ficou soterrado de medo diante do poder da Igreja, ainda mais quando desafiar a mesma era quase que virar fogueira. Mas uma luz de esperança surgiu no fim do túnel e essa luz se chamava Napoleão Bonaparte, pois enfrentou a Igreja e exilou o Papa de seu reinado. Não foi preciso passar cem anos que um aristocrata chamado Charles Darwin desenvolveu uma teoria naturalista no campo da biologia, o que conhecemos como a Teoria da Evolução.

   Com o passar do tempo Deus foi sendo retirado das Universidades e hoje vivemos em uma nova idade das trevas, onde a Naturalismo parece ser o Rei de todas as ciências. Hoje, qualquer hipótese que sugira inteligência, simplesmente é descartada. Não porque isso não seja ciência, mas o medo da Igreja se apoderar novamente da ciência deixa o movimento ateísta dentro das universidades arrepiados. Não é atoa que muitos intelectuais que defendem o naturalismo atacam os criacionistas como ferocidade, imaturidade e raiva.

   Uma postura muito mais madura, de ambos os lados, seria aceitar as diferenças filosóficas e permitir que ambos os lados possam fazer suas pesquisas sem que um muro possa dizer o que é ciência e o que não é.

   Fica aqui um filme para assistir quem quiser se aprofundar mais no tema.


A imbecilidade é invisível aos olhos (Comentando)

   Estava lendo um blog ateu e li um post com o título A imbecilidade é invisível aos olhos, que falava de um desabafo de um ateu sobre um power-point que havia recebido (para ler o post na integra clique aqui). E como cristão fiquei preocupado em três pontos.

1. A prima que s dizia cristã ter enviado um e-mail "mal-criado" como resposta aos comentário do blogueiro. Pois por mais que um ateu não tenha razão (e nos assuntos religiosos dificilmente têm) o cristão não tem motivo para perder a razão e deve ter em mente que quando uma pessoa rejeita a Deus ou a Cristo, ela não esta rejeitando a pessoa (o crente), mas rejeitando a Deus e esse assunto um dia os dois acertam. Cordialidade e respeito é o mínimo que esperamos de um cristão.

2. O conteúdo do power-point enviado ao ateu, que vou colocar aqui abaixo:

     Um dia, Jesus e o Diabo estavam conversando, e Jesus perguntou ao Diabo o que ele estava fazendo com as pessoas aqui na Terra.
O Diabo respondeu que estava se divertindo muito ensinando as pessoas a fazer bombas, a se divorciar, a estuprar criancinhas, o diabo a quatro!
Jesus perguntou: ‘E depois? O que vai fazer com elas?’.
E o Diabo: ‘Vou matá-las’.
Jesus: ‘Quanto você quer por elas?’.
Diabo: ‘Ah, Jesus… Você não vai querer esse povo! São pessoas traiçoeiras, mentirosas e falsas. Elas vão cuspir em você, vão te bater e não vão levar em conta nada do que você fizer por elas!’.
Jesus, então, insistiu: ‘Quanto você quer por elas, Diabo?’.
E o Diabo: ‘Eu quero toda a tua lágrima e todo o teu sangue’.
E Jesus: ‘Trato feito!’.
   Qualquer cristão que conheça minimamente a Bíblia sabe de um erro doutrinário gigante aqui. Jesus, em nenhuma parte da Bíblia, negociou com o Diabo a salvação do homem. Na verdade, o Diabo não tem participação nenhuma na Salvação do homem. O motivo de Cristo vir aqui e morrer por nós é de fato pagar o resgate pelas nossas vidas, mas não para Satanás, mas para o próprio Deus.

   O motivo da morte de Jesus ser necessária é que sem ela não há salvação. Em Gênesis 2:17 a desobediência de Adão levaria a morte, essa foi a sentença que Deus colocou sobre todo o pecado. Não porque Deus seja mal e queira uma obediência incondicional, mas o pecado é o que causa separação entre Deus e o homem, como Deus é a fonte de vida não existe a possibilidade de continuar a viver "desplugado" de Deus. Seria como querer que a lâmpada ascendesse sem conecta-la de alguma maneira em uma fonte de energia.

   Como Deus é imutável e a Lei representa seu caráter, portanto imutável também, ele decidiu antes mesmo do homem pecar, que através da pessoa de Cristo ele morreria em nosso lugar, claro que para isso eu preciso aceitar a proposta de Deus. Assim Paulo diz que "o salário do pecado é a morte", e ele tem razão, mas na mesma frase continua a dizer que: "o dom gratuito de Deus é a vida eterna" e isso só recebo "por meio de Cristo Jesus nosso Senhor." Roanos 6:23

   É através de uma morte substitutiva que somos salvos, não de Satanás, mas da sentença de morte que Deus reservou para todos os que pecarem.

3. Este é o que mais me preocupa. um ateu que não tem obrigação de conhecer a Bíblia como um cristão tem, sabe ver incoerência nas falsas doutrinas que se espalham por ai melhor que muito cristão. Por isso faço um apelo a você cristão, leia a sua Bíblia, estude ela com vontade, você vai descobrir que os melhores argumentos ateístas não corresponde com o que a Bíblia diz verdadeiramente, pelo contrário, em alguns pontos existe até uma similaridade

   Mas .agora vou avançar para uma segunda parte deste post, e isso é em relação aos argumentos ateístas do autor do post original, intitulado por Barros, que ali encontrei e vou procurar responder brevemente.
"um Deus que pode tudo, não pode se livrar, ou conter, ou neutralizar as ações de um Diabo que, aparentemente, só existe para desafiá-lo."

   Esse tipo de argumento pode ser encontrado até com uma certa normalidade por ai, mas ele possui algumas falhas:
A. Ele se coloca na posição de Deus dizendo o que ele faria se fosse todo-poderoso
B. Apresenta ignorância total no pano de fundo bíblico, o que nós adventistas chamamos de "Grande Conflito" entre Deus e Satanás
C. Ignora o fato de Cristo já ter anulado os efeitos eternos na vida do homem através do sacrifício próprio de tudo aquilo que o Diabo poderia nos induzir a fazer.

"Minha prima parece endossar esse raciocínio cristão tacanho, pelo qual Deus, o bom e todo-poderoso Criador, não faz nada contra o Diabo porque não é muito adepto de interferir nas ações dos seres que habitam o seu universo."

   Na verdade o Deus bíblico gostaria de intervir em nossas vidas muito mais do que ele costuma intervir atualmente, mas existem exemplos bíblicos bem simples de intervenção divina na vida dos homens.
a. Abertura do Mar Vermelho
b. Maná caindo do Céu diariamente
c. Machado flutuando em rio
d. Profecias a cerca de Ciro pelo menos 300 anos antes do nascimento do mesmo, afirmando que ele seria o libertado de Judá.
e. Encarnação de Cristo
f. Jumento falando com Balaão
g. Profetas enviando e pregado a mensagem bíblica ao povo e chamando para uma reforma de vida.
h. .... e muitas outras.

   Desde que Adão caio em pecado, Deus já veio a Terra intervir por ele. Por isso acho muito estranho um cristão não acreditar em intervenção divina, quando é justamente isso que Deus promete fazer em nossas vidas. Mas pode ser que essa seja apenas uma visão particular do Barros.
   
   A conclusão do post ateu esta coberta de razão, menos na falta de educação, quanto ao raciocínio apresentado pelo power-point, por isso não tenho muito o que declarar. Mas fica aqui a dica para você cristão. Estude a Palavra e perceba que nem todas as mensagens ditas "cristãs" são de fato embasadas na Bíblia.